terça-feira, 4 de junho de 2013

Estátuas Vivas


[...] porque alimenta nosso ego diuturnamente,
a insensatez
revelada na tez preterida
na vez preferida
a ocasião lamacenta
...as diásporas cotidianas
a luva é o tapa na cara
antes do gesto que adivinha
a tara
na tela na telenovela
a torcida pelo tombo
a intriga revelada
a pele escancarada
imóveis prosseguiremos
varrendo sarjetas
as estreitas imundícies dos que retornam ao lar
estátuas-vivas
os filhos alimentados
nos colos da pátria mal comida
a mão subtraída
enleva a cena
prêmios de pombos ambulantes
o ditirambo alcovitando a poesia
encenando sonoras ruelas
viadutos abaixo
revelando no céu
os ratos nossos de cada dia. -JL 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Deixa Arder



Sente a ira
deixa arder
larga
e pira
vai se fazer

toca a lira
gira a toca
larga 
o bonde
vai meter

a testa no muro
o tapa na mira
de quem quer te
-converter-
a pó

acende a pira
deixa arder
eleva
e gira
vai se catar

dança o vira
tira uma
pega
o trem
vai dar

a cara a tapa
aquece a chapa
daquilo que vai te
-efervescer-
até

é
andar a pé
andar a pé
sorria sorria voce está sendo palmeado
voce está sendo sustenizado
à exata posição
da fé!
(do pó vieste ao pó retornarás) - JL

A Vista do Redentor






Eu não tenho mais a vista do Redentor
não tenho mais porque ele se mudou
inventou de ser chip subcutâneo para robôs recém-nascidos
achou de ser pop star
deixou a pedra nua e foi
foi comprar cigarros e nunca mais voltou
encontrou especiarias e nunca mais voltou

eu não tenho mais a vista do redentor
não tenho mais porque ele se mudou
inventou de retirar as mamas pra evitar o câncer
achou de ser intelectual
deixou a pedra na rua e foi
foi ser ativista e nunca mais voltou
encontrou seu guru e nunca mais voltou

eu não tenho mais a vista do redentor
não tenho mais porque ele se mudou
inventou de ser janela anti ruído
achou de ser maçaneta
deixou a pedra toda sua e foi
foi abrir as portas do céu e nunca mais voltou
largou as sandálias na praia e nunca mais voltou

eu não tenho mais a vista do redentor
não tenho mais porque ele se mudou - JL 

terça-feira, 21 de maio de 2013

...e se move...a cidade!





               Vai! escraviza a virulência calciforme do asfalto
               inunda de urina o grafite que colore o olho da menina
               ela há de chorar o ácido úrico quando amanhecer o dia, aplaudindo o sol no arpoador
               depois deixar-se, imóvel, afundar nas pedrinha portuguesas
               cantando se essa rua se essa rua fosse minha eu mandava eu mandava ladrilhar (...) JL